O que é a Cidade? [ensaio 1]

CIDADE

Bom, para entender Urbanismo, é preciso entender, ou pelo menos ter em mente um certo conceito de cidade. E o que a cidade é?

Entre distintos conceitos, podemos usar a ideia clássica dos gregos e romanos quando criaram a ideia de política e republica: a de que a cidade nada mais é que a representação da vida privada, pública, política e ética dos cidadãos. Uma imaginação, abstração, fantasia entre o real, o concebível e o possível. Por isso, a cidade é um espaço-tempo com (a)temporalidades, onde a vida ganha sentido pela existência. Usamos a cidade para representar quem somos em termos de passado, presente e futuro. Por isso, cada sociedade ou grupo social constrói sua ideia de cidade considerando seus valores públicos, privados, políticos e éticos. Deve-se sempre, porém, ter em mente que a expressão ‘cidade’, tal qual a conhecemos hoje, surge com a política greco-romana e, portanto, com divisão do que seja a vida pública e do que seja a vida privada. Esta foi uma divisão indissociável da maneira como surgiram os modelos de cidades ao longo da história universal e como ela aparece com a industrialização. Tal divisão demanda uma ciência própria - o Urbanismo - para entendermos a cidade a partir de uma novidade – o projeto de cidade ou a idealização da cidade a fim de resolver os males da sociedade urbana, com os quais se perde o sentido da vida privada, pública, política e ética. Isso ocorre, sobretudo, com a aceleração do tempo e as novas formas de comunicação e informação do século XX até o presente. A separação entre público e privado se confunde a todo tempo, colocando em questão o que é a cidade quando desaparece o sentido (a)temporal da vida para as inatividades do cotidiano — ou seja, o tempo sem sentido marcado pelo trabalho e pela ausência de experiências. Em outras palavras, quero dizer: vivemos um tempo sem experiência e a experiência marcado pela inatividade. O tempo, portanto, está associado à ideia de cidade, pois cada temporalidade molda o homem de acordo com os valores de sua época. A cidade, para os greco-romanos, estava relacionada à vida dos homens preparados para a vida pública cidadã; na Idade Média associava-se a cidade aos valores cristãos e moralizantes, portanto, ao tempo da redenção em busca da salvação; na Era Industrial significou a dissociação do tempo lento dos camponeses do tempo em que se inicia a aceleração pelo cotidiano do trabalho; por isso, a cidade tornou-se símbolo do tempo das máquinas e do declínio do homem pela perda dos valores da civilidade. Por fim, na modernidade, o tempo é representado pela cidade onde não sabemos mais quem somos, ou ainda, pelo que desejamos ser, pois tudo é volátil e sem sentido. É, portanto, o tempo das metrópoles onde o conceito de vida parece desaparecer e mesclar-se ao de sobrevivência.

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MEDEIROS, Wesley. [Série I] O que é a Cidade?. Urbanismo.blog, [S. l.], 1 dez. 2019. Disponível em: https://urbanismopur.wixsite.com/meusite/blog. Acesso em: 1 dez. 2019.