Bom e mal curso de arquitetura e urbanismo?
- Urbanismo
- 14 de dez. de 2019
- 4 min de leitura

Desde a graduação a questão: o que é um bom curso de arquitetura? Aparece intuitivamente pelo imaginário de alunos e professores. Claro, mudanças na sociedade requer adaptações no campo teórico e prático, sobretudo no tempo presente das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC).
Em 2009 havia 210 cursos de arquitetura e hoje há mais de 900 cursos conforme o sistema E-MEC. Não é preciso falar o quanto a qualidade do ensino tem caído no Brasil.
Mas temos assistido à dissolução do ensino acompanhado por uma Instituição inerte como o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR). E, por essas razões, este texto vai elucidar algumas possibilidades para pensarmos ambiguidades de um curso de arquitetura e urbanismo.

Vejam bem, um bom curso de arquitetura e urbanismo tem uma centralidade indissociável: uma boa matriz curricular e um bom docente. Conduzidos por múltiplos processos através do coordenador de curso e o Projeto Pedagógico de Curso (PPC).
Desaparecendo no contexto recente a figura do coordenador de curso de arquitetura em faculdades privadas abrindo espaços às fragilidades a serem pensadas em outro momento. Um bom curso de arquitetura possibilita o aluno desenvolver-se para ser um profissional político, ético e cidadão (nem todos saem assim). Isto é,, apto à vida profissional como arquiteto, urbanista, planejador urbano, paisagista, restaurador e arquiteto de interiores. Quero dizer: matriz, PPC, coordenador e corpo docente proporcionam um ambiente de aprendizagem crítico quanto a e teoria e história da arquitetura e urbanismo. Proporcionando o aluno compreender, aprender e aplicar a reflexão do trabalho criativo. Tornando-se apto a resolver problemas diversos da sociedade e do Estado.
Um arquiteto deixa um bom curso de arquitetura sem medo de encarar os desafios do mundo. Apto a colocar em prática seu conhecimento a produção de espaços moldando comportamentos humanos entre o público e o privado. Buscando a melhoria de vida e qualidade da cidade. Isso, porque, ele viveu boas experiências de projeto de arquitetura, de urbanismo, de planejamento urbano, de paisagismo etc., além de inúmeras atividades fazendo seu subconsciente, consciente e inconsciente imaginar/criar espaços à vida.
Quando o curso é ruim notamos pela individualidade dos professores, do desânimo dos alunos, da falta de crítica, pois falta teoria e história sendo discutidos em todas as disciplinas, sobretudo de projeto. Da falta de leitura, da falta de atividades extracurriculares, da falta do escritório modelo, da falta de extensões, da falta de proximidade com a comunidade, da falta de projetos integrados evitando atividades que podem somar-se a um único trabalho, da falta de uma boa maquetaria, a falta de boas infraestruturas e laboratórios e, tantos outros, que, poderíamos escrever um livro.

Mas, são os péssimos docentes sem domínio da teoria e história da arquitetura, urbanismo e paisagismo que fazem o aluno nunca dominar as tramas da criatividade. Ou seja, nunca terão consciência à elaboração de bom projeto, mas dependentes de imagens do Pinterest, por exemplo e, da retroalimentação de projetos existentes.
Ou seja, de um curso ruim você sai com diploma de arquiteto, mas continua sem saber o que é arquitetura e, por isso, nunca vai projetar arquitetura e sim edificações.
Você pode ser bom em CAD, V-RAY, Lumion e outros programas, mas nunca será bom em “ser arquiteto”. A maioria dos professores ruins estão preocupados com seus salários e quase não querem encarar o papel da transformação de suas vias pela teoria, a história e a crítica. Posso afirmar pelo que já vi que a maioria dos professores não conhecem a teoria da forma pertinente, nem os modos usados para pensar arquitetura, nem sabem construir um bom diagnóstico.
Mais ainda, a maioria se quer sabem relacionar história do renascimento com a história da Grécia antiga com o contemporâneo. Ou seja, que professor é este? Na verdade, arisco a dizer que a maioria de professores em particulares não gostam de ler e escrever, não conhecem e nem indicam leituras. Na verdade, aposto que nem livros compram ou conhecem a biblioteca de sua faculdade.

Os de urbanismo e planejamento urbano não sabem na prática elaborar um plano e projeto urbano de uma operação urbana. Ou seja, é o pior tipo de professor lendo PowerPoint lotados de textos e algumas imagens sem exercitar a prática.
Por fim, o maior gargalho no contemporâneo é manter técnicas de ensino baseada num Brasil de 40 anos atrás, como o desenho técnico a mão. É projetar arrumando espaços apenas pelas plantas baixas, sem considerar a complexidade teórica: forma, função, estrutura e o lugar. Arrumas fachadas sem reflexão alguma sobre forma. É ensinar arrumar blocos de CAD. É ensinar colocar estacionamento. É pensar mais na garagem do que no ato de comer. É ensinar sem estrutura. É ensinar arquitetura sem relação com a cidade e as paisagens. E negligenciar o conforto ambiental etc. Bom, impossível descrever a perversidade do ensino hoje.
Mas resumiria que há poucas escolas de arquitetura ensinando os alunos serem arquitetos e urbanistas. E há centenas ensinado a serem cadistas sem capacidade alguma para serem bons arquitetos.
MEDEIROS, Wesley. Bom e mal curso de arquitetura e urbanismo?. Urbanismo.blog, [S. l.], 14 dez. 2019. Disponível em: https://urbanismopur.wixsite.com/meusite/blog. Acesso em: 7 dez. 2019.
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