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Cidade e coexistência [ensaio 3]

CIDADE PRIMEIRO, ESPAÇO DEPOIS

O espaço é onde estou preso com meu corpo e minha consciência encarnada. Por isso, a cidade existe não só materialmente, mas imaterialmente, onde se encontram os homens e mulheres que fazem a história e sofrem os efeitos da História.

Logo, a cidade não é o município, o rural, o urbano; estas definições servem apenas para a organização dos regimes de governo e Estado. Tampouco servem definições como as de cidade industrial, cidade turística, cidade comercial, cidade portuária, cidade religiosa, cidade histórica etc. Mas por que usamos estas definições? Para o leitor comum ou para quem começa a estudar o mundo por algum ponto no presente, é mais fácil a representação do tempo e dos valores de uma época como cidade. Mas na verdade, trata-se de um espaço urbano se constituindo em torno das carências e necessidades. Se não são cidades, o que são? São aglomerados humanos, pedaços de território do que seja a cidade.

Voltemos novamente à questão proposta no primeiro e segundo ensaio: a cidade é a forma que encontramos para lidar com a falta de uma representação concreta do meu lugar no mundo. Ou seja, eu percebo o tempo pelo relógio, pela natureza e pelo cosmo; há o espaço que eu vejo e não vejo, mas posso sentir pelas subjetividades da imaginação entre consciente, subconsciente e inconsciente. P corpo no espaço e no tempo cria uma identidade para si mesmo à medida em que o espaço e o tempo molda seus comportamentos e suas percepções. Ademais, a consciência encarnada no corpo confere emoção e lógica para habitar o espaço-tempo onde se encontra seu corpo. E tal corpo, com sua consciência, desenvolve a percepção do meu lugar no mundo e o mundo que me molda. Assim vou me tornando cidadão político e ético, preparado para moldar e ser moldado pelos espaços que eu crio como cidade.

Esta generalidade nos propõe a entender a cidade onde as pessoas percebem e se definem pelas mudanças que sofro na condição de um corpo com uma consciência presa a mim mesmo, que molda o espaço concreto onde vivo e desenvolvo minhas atividades [um pedaço da cidade] e o espaço atemporal sem lugar físico onde coexisto com seres iguais a mim.

No filme “A Era do Gelo 1” assistimos um grupo humano procurando algum lugar para chamar de lar; ou seja, um lugar cuja natureza pudesse dar a eles a oportunidade de existirem e experimentarem melhor a coexistência em meio a sobrevivência. Assim, um grupo social surge em termos de organização social e política, com economia, estratégias de sobrevivência e e proteção do grupo social.

No filme “Os croods”, assistimos a mesma lógica do homem primitivo buscando um lugar

para chamar de seu, um horizonte onde a existência ganha sentido. É isso que hoje chamamos de cidade pelos espaços onde vivemos, somos sociedade, somos democracia, somos nação e entre muitas formas de interpretação, é onde habitamos.

A cidade é este lar e este lugar onde os grupos humanos se aglomeram, formando conflitos e contradições, pois cada sujeito pensa e age diferentemente do outro. Todos, contudo, possuem um vínculo em comum - a cidade onde se dá a representação da vida pública e privada. Por isso, a cidade não é um espaço delimitado à soberania do Estado, pelo município com sua divisão de urbano e rural, ou ainda, pelo Estado com seus municípios. Por fim, para pensar e entender o Urbanismo, ficamos com esta breve [muito breve] redução do conceito de cidade, ou pelo menos, traçamos um breve entendimento para seguimos a série de ensaios buscando delineamentos a questão: O QUE É URBANISMO?

MEDEIROS, Wesley. [Série I] Cidade e coexistência. Urbanismo.blog, [S. l.], 1 dez. 2019. Disponível em: https://urbanismopur.wixsite.com/meusite/blog. Acesso em: 1 dez. 2019.

 
 
 

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